Cloud: onde vejo as luzinhas?

Cloud: onde vejo as luzinhas?



Olhe para isto! Sempre a bombar, no vermelho!”
– disse o cliente carregado de orgulho enquanto mostrava os LEDs de atividade de rede do seu switch. Durou pouco, até lhe dizermos que não era bom sinal, tinha a rede cheia de colisões. Isto é verídico e passou-se há uns largos anos.


Até há bem pouco tempo, era normal encontrar nas organizações salas com um ou mais bastidores, normalmente bem preenchidos de servidores e eventualmente uma ou outra storage, tudo carregado de discos com os seus LEDs de atividade freneticamente a piscar, de preferência verdes. Em alguns casos, até os próprios bastidores tinham efeitos luminosos. Cheguei mesmo a ver casos em que o cliente colocou tiras luminosas para dar um efeito visual futurista.
Nada contra, ficava bonito. Há qualquer coisa que nos atrai em luzinhas a piscar, só temos de ter a certeza que piscam por bons motivos!

A verdade é que o sentimento de pertença, a capacidade de ir ao local ver (e ouvir, ah sim ouvir – a parte menos boa), olhar para as máquinas e saber que é ali que está a informação e é ali que as suas aplicações estão a correr, tudo isto dá uma sensação de controlo. A cloud veio tirar um pouco desta sensação e com ela, trouxe o receio da sua adoção. A grande questão é se o receio é fundado e se estamos dispostos a perder competitividade em troco da (eventual falsa) sensação de controlo.

Estando a designação “cloud” associada a um grande chapéu, a sua adoção pode ser feita em vários estágios:

  • Logo a seguir à existência de infraestrutura onprem e ao alojamento ou housing, temos Infrastructure as a Service (IaaS). Neste modelo, que envolve normalmente virtualização, a responsabilidade pela infraestrutura de rede, computação e armazenamento de dados é passada para um prestador de serviços  e, pode ou não, incluir o sistema operativo das máquinas virtuais;
  • Num estágio adicional, que corresponde a Platform as a Service (PaaS), além da infraestrutura são também disponibilizados componentes de software middleware que permitem criar e/ou integrar soluções;
  • Finalmente, Software as a Service (SaaS) corresponde a uma entrega de serviços de aplicações na Cloud.

Para uma organização que está a começar o seu caminho na Cloud, há benefícios imediatos com um modelo IaaS:

Enquanto que alguns prestadores de serviços assentam a sua estratégia na disponibilização de uma ampla gama de serviços contemplando IaaS, PaaS e SaaS com penetração massificada no mercado (hyperscalers), outros optam por se especializar em alguns segmentos tecnológicos e de mercado, apostando na proximidade e relação com os seus clientes. Estes oferecem tipicamente serviços de IaaS e em alguns casos, PaaS.

  • Tranquilidade
    Sem receio que as luzinhas verdes se tornem vermelhas ou nem sequer acendam
  • Escalabilidade
    Acaba com o drama de precisar adicionar sistemas ou componentes e não ter espaço para isso
  • Time to market
    Permite avançar com os seus projetos substancialmente mais rápido: rapidez na obtenção de recursos vs demora na aquisição, entrega e instalação de equipamentos
  • Disponibilidade
    Além de no modelo IaaS a disponibilidade do serviço ser tecnicamente elevada e contratada por SLA, a equipa de suporte IT deixa de estar dependente de presença física no local para gestão e operação da infraestrutura
  • Financeiramente
    Transforma investimentos avultados em prestações moderadas ou suaves
  • Eficiência e flexibilidade
    Financeira e no dimensionamento de infraestrutura – não necessita adquirir hoje hardware sobredimensionado para permitir crescimento da operação ao longo dos anos, podendo adaptar os recursos à medida das necessidades

Apesar de tudo isto, ainda há quem sofra com o facto de já não estar lá a sala com as luzinhas acesas. A questão que as organizações devem colocar é que benefícios reais ter o hardware dentro de portas lhes traz e se superam as vantagens de uma migração para a Cloud.

No modelo IaaS, o cliente mantém a total autonomia na gestão dos seus servidores. Pode ainda expandir a autonomia relativa ao modelo de licenciamento de software próprio e/ou de acesso ao hypervisor pela contratação de IaaS em Cloud dedicada, que consoante o modelo contratado, pode corresponder a servidores físicos dedicados ou a uma plataforma completa incluindo hardware e virtualização dedicados.

Se são reconhecidas as vantagens de uma migração para a Cloud mas existe o receio de perder algum controlo, pode sempre optar por um modelo IaaS num operador local que aposte na relação e proximidade com os seus clientes.

Quem sabe, não pode inclusivamente visitar as instalações e ver os sistemas e “luzinhas” onde corre a Cloud?

Pedro Freire
Cloud PreSales Manager | Ar Telecom